Licença de Mineração na Serra do Curral pode ser cancelada

Deputada Beatriz Cerqueira e deputado Rogério Correia apresentam recurso de quase duas mil páginas para anular licença para mineração na Serra do Curral.
2022-05-18 16:36:31
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A deputada estadual Beatriz Cerqueira e o deputado federal Rogério Correia, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), estão pedindo a anulação da licença para mineração na Serra do Curral. Eles protocolaram nesta quarta-feira (18/05/2022) um recurso junto à presidente da Câmara Normativa e Recursal do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), Valéria Cristina Rezende, contra a decisão concedida pela Câmara de Atividades Minerárias durante Reunião Ordinária na madrugada do último dia 30 de abril.

No recurso com 1826 páginas de documentos comprobatórios, foram fundamentadas questões como a falta de anuência do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), do Conselho Estadual de Cultura e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Também não consta estudo prévio de impacto ambiental (EPIC) e Relatório de Impactos ao Patrimônio Cultural (REPIC) para o empreendimento em área já parcialmente tombada. 

Também foi questionada a participação do conselheiro Carlos Eduardo Orsini, representante da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), que figura como sócio de duas sociedades empresárias, na votação, apesar do conflito de interesses. O descumprimento da medida liminar aprovada no processo 1013555-21.2018.4.01.3800, que determina que a Agência Nacional de Mineração (ANM) desconsidere todos os requerimentos de novos direitos minerários na Serra do Curral foi denunciado no recurso.

Mais irregularidades

Os documentos também alertam sobre a falta de Anuência por parte dos municípios de Belo Horizonte e Sabará, e de estudo técnico sobre os impactos no abastecimento de água para a população da capital e região e a violação ao Direito de Participação Popular. Situações excepcionais e obscuras que envolvem a licença ambiental ao empreendimento, como o contrato de R$ 5 milhões entre a Tamisa e um escritório de advogados para o acompanhamento do processo de licenciamento, questionada pelos próprios sócios minoritários, foram questionadas.

“Fizemos uma extensa pesquisa e apontamos, no mínimo, nove irregularidades ou ilegalidades na liberação da mineração na Serra do Curral pelo governo Zema. A nossa expectativa é que esse recurso seja analisado pelo pleno do COPAM, que é o órgão máximo e, diante da gravidade de tudo que nós estamos denunciando, que o próprio COPAM possa fazer a revisão e possa anular essa liberação de mineração na nossa Serra do Curral”, explica a deputada Beatriz Cerqueira.