Um artigo publicado no Blog do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) demonstra como os impactos do Minha Casa Minha Vida (MCMV), programa habitacional do governo Lula, vão além da inclusão social e da democratização do acesso à moradia. O programa também é a principal alavança do mercado imobiliário, um setor que cresceu 17,4% até o terceiro trimestre deste ano em comparação a igual período de 2023.
“Empurrados pelo MCMV, números até o 3º tri confirmam expectativas positivas para empresas do mercado imobiliário residencial, que se estendem a 2025”, diz o artigo, escrito por Ana Maria Castelo e Iuri Viana.
A análise é baseada em dados de uma pesquisa CBIC/BRAIN, realizada com 221 cidades do país, e afirma que o ânimo empresarial tem respondido ao aumento da demanda: as vendas de imóveis novos no mesmo período registraram alta de 19,7%.
“Um olhar mais apurado sobre a pesquisa mostra que o bom desempenho é geral, ou seja, tanto do segmento de média e alta renda (MAP), quanto do econômico, atrelado ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Mas claramente, o impulso maior vem do MCMV, que nesse mesmo período teve aumento de 43,6% nas vendas. De acordo com a pesquisa, os lançamentos relacionados ao programa já representam 50% do total realizado no ano e as vendas, 44%”, diz o artigo.
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Vendas para classe média disparam
Os autores lembram que um artigo publicado no Blog do IBRE em 23 de fevereiro já ressaltava as expectativas bastante favoráveis dos empresários em relação ao MCMV, cuja meta é contratar 2 milhões de unidades habitacionais até o final de 2026.
Além disso, os autores citam um balanço com dados até 11 de novembro revelando que as contratações já bateram recorde. Em dois anos, as contratações alcançaram 953,7 mil unidades habitacionais.
“Como destacado no artigo de fevereiro, a atualização dos valores dos imóveis e dos subsídios tornou o programa mais atraente tanto para as empresas quanto para os adquirentes. A atualização do valor máximo do imóvel para a faixa 3 permitiu que uma parte relevante da classe média passasse a ser atendida pelo programa. Vale observar que ao longo de 2024, as taxas do financiamento do SBPE, que tem a poupança como principal fonte, foram reduzidas, mas permaneceram em dois dígitos, o que certamente empurrou muitas famílias para o programa”, afirmam Ana e Iuri.
“Assim, a despeito do aumento do atendimento na faixa 1, é a faixa 3 que mais tem crescido, o que tem contribuído para o aumento de sua participação, já praticamente se equiparando à faixa 1”, acrescentam.
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O artigo mostra também que o bom desempenho do MCMV tem se refletido também na confiança das empresas. “A Sondagem da Construção realizada em setembro trouxe novamente os quesitos especiais sobre o MCMV. A percepção das empresas em relação aos negócios correntes é mais positiva entre aquelas que operam com o MCMV (33% das empresas do segmento de edificações residenciais)”, dizem os autores.
Juros do BC são obstáculo
O otimismo em relação à tendência dos negócios e ao emprego é mais positiva entre as empresas do MCMV. “Apenas em relação à demanda esperada é que as empresas fora do programa mostraram expectativas mais favoráveis. No entanto, em setembro, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) ainda não tinha iniciado o ciclo de alta da Selic”, sublinha o artigo.
“A partir de outubro e novembro é que, além do anúncio de altas nas taxas do crédito imobiliário por parte de alguns bancos, houve a mudança nas regras de financiamento da Caixa Econômica, que ficaram mais restritivas. Ou seja, essa perspectiva mais otimista em relação à demanda das empresas fora do MCMV, deve se alterar”, pontuam.
O texto acrescenta que, para as empresas que operam com o MCMV, as perspectivas continuam boas. “O Conselho gestor do FGTS anunciou o orçamento para 2025, com alta de 1,9%, sinalizando condições para que que o segmento econômico continue alavancando as vendas”, escrevem os articulistas.
“Por outro lado, as restrições para o MAP (mercado imobiliário de Médio e Alto Padrão) devem aumentar com novas altas nas taxas do crédito. Mas o problema não é apenas o custo, mas também a disponibilidade. A Caixa, que também é o principal agente do mercado de MAP, está com dificuldade com o funding. A poupança enfrenta seguidas sequências de saldos negativos.
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Da Redação