Artigo: Por uma nova abolição para os dias atuais

Leonardo Tomaz fala sobre a decisão de se filiar ao PT, aborda os desafios que o país enfrenta na política e aponta caminhos para uma nova abolição.
2024-05-24 13:20:46
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*Por Leonardo Tomaz

Semana passada, no dia 13 de maio de 2024, data que marca a Abolição da Escravidão no Brasil, me filiei ao Partido dos Trabalhadores. Tomei essa decisão por achar no PT um novo caminho. Um novo caminho para que o Brasil seja, enfim, soberano, desenvolvido e justo. Um novo caminho para lutar para que esse povo não seja mais escravo de ninguém.

Existe hoje na sociedade brasileira uma visão tóxica de mundo que prega que o Estado é a causa do subdesenvolvimento e que a política é um mal em si. Após anos de estudos, vivência e observação, de teoria e prática, de Direito, política, economia e sociedade, tenho a convicção que essa visão não poderia estar mais errada. Digo mais: ela acaba favorecendo os maiores beneficiários dos males do país.

Se não me conformo diante de um cenário de um Estado que ainda não entrega o que promete em sua Constituição, também não acredito que a solução passe pelo próprio desmanche do ideal de um estado de bem-estar social. Não é apenas ideal, desejável, mas também possível e justo apostar em um futuro em que os serviços públicos brasileiros estejam à altura do que precisa e merece o nosso povo.

O Brasil só estará em condições satisfatórias quando cada brasileiro for capaz de viver com dignidade e usufruir plenamente das riquezas que aqui dispomos e as que trabalhamos para criar. Chegar a esse ponto é um imenso desafio, ainda mais considerando nosso ponto de partida: um país dependente economicamente e com imensa desigualdade social, consequências diretas do nosso modelo de colonização e do sistema escravocrata.

Para tal, é fundamental uma coordenação sistemática entre o Estado, a academia e o mercado visando objetivos de desenvolvimento a serem decididos politicamente. O Brasil não pode mais ser apenas um exportador de matéria-prima bruta, isso apenas perpetua sua posição dependente. É fundamental o investimento público na ciência e inovação tecnológica.

A reindustrialização será essencial, levando em conta a necessidade e a oportunidade que está na transição para uma economia sustentável. Na base, o empreendedorismo deve ser promovido, não como forma de precarizar o trabalho, como hoje, mas como meio de garantir igualdade de oportunidades, mobilidade social e inclusão popular pela via do processo produtivo, que deve aproveitar da criatividade e vivacidade presente em nosso povo.

No mundo, o Estado deve, com uma política externa ativa e altiva, continuar trabalhando por um sistema internacional multipolar através dos BRICS+, para que o Sul Global, a maioria do mundo, se articule pela liberação de todos nós. A globalização deve ser pautada, assim, pelo objetivo de fazer o Brasil se colocar em posição favorável na divisão internacional do trabalho.

Esse desafio passa também pelo enfrentamento de problemas novos. A crise climática já começa a dar seus primeiros sinais de que vai ser necessário repensar e reinventar o sistema produtivo, o Estado, as cidades e todo o modo de vida que desequilibrou o planeta.

As redes sociais, com seus algoritmos, viraram o mundo do avesso, desafiando a própria noção de uma sociedade pautada na verdade, a ser descoberta cientificamente. Na política, a extrema-direita vem buscando a “liberdade” de desmatar, poluir, ofender, mentir e explorar sem qualquer tipo de freio ou controle. Também, vivemos em um cenário em que muitos usam a palavra de Deus como mercadoria para enriquecer. Precisamos reafirmar que isso não presta.

Essa filiação foi uma decisão fácil. Não entro por achar que as coisas estão todas muito bem. Mas por entender que o PT é a organização de esquerda mais capaz de se reinventar, de se adaptar aos novos tempos e de fazer frente aos enormes desafios que a sociedade enfrenta e enfrentará nesse século. Acho errado culpar o partido por problemas que já eram antigos antes de o Lula nascer.

Nos últimos anos, terríveis, nosso país apostou em soluções vindas da toga, da farda, da bolsa e dos estrangeiros. O fracasso é visível. Chega a vez de apostar de novo naquele que sempre que tem oportunidade, faz por merecer. É hora de seguir o melhor caminho, fazer brilhar as estrelas de milhões e milhões, de fazer brilhar a estrela dos trabalhadores do Brasil!

*Leonardo Tomaz é estudante de Direito da UFMG e Diretor de Relações Públicas do Centro Acadêmico Afonso Pena.

Este é um artigo de opinião. O posicionamento do autor não representa necessariamente as ideias do PT-MG.