*Por Cristiano Silveira
O PT vai governar 252 cidades no país a partir de 2025. O número é 37,7% maior que as 183 prefeituras que o partido conquistou nas eleições de 2020. Em Minas Gerais, o saldo também foi bem positivo. Foram 35 prefeitos e prefeitas eleitos em 2024, frente a 27 do pleito anterior.
Para parte da militância e de vários analistas políticos os números ficaram abaixo do esperado. Muito por considerarem, de forma equivocada, que, pelo fato de o presidente Lula ser do PT, isso daria ampla vantagem às candidaturas do partido. Mas, o jogo não é tão simples assim. Obvio que queríamos que o resultado fosse melhor. Entretanto, para além dos números é preciso analisar um fator de extrema importância: o cenário.
A boa gestão do governo Lula, em apenas um ano e meio, trouxe melhoras significativas para a economia do país. Geração de empregos formais em número recorde, baixa taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo, inflação controlada, aumento de arrecadação por parte dos municípios, entre outros fatores.
Além desse melhora na economia, visivelmente percebida pela população, as prefeituras também foram beneficiadas com o aumento dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), reajustado por Lula.
Também tivemos um volume gigantesco de recursos de emendas parlamentares repassado às prefeituras, como nunca antes na história do país. Montante que reforçou significativamente o caixa dos municípios, permitindo a realização de mais obras, mais programas, mais ações e, consequentemente, resultando em melhor avaliação dos gestores municipais.
Como consequência, isso favoreceu muito a reeleição de prefeitos e prefeitas. As candidaturas que apresentaram discurso de mudança ficaram em desvantagem. É aquela máxima, em time que tá ganhando não se mexe.
Em Minas, 82,9% dos prefeitos e prefeitas foram reeleitos. A média nacional foi de 80,8%, um recorde. Para se ter uma ideia, nas eleições de 2020, a taxa de reeleição foi de 66% e em 2016 foi de 47%.
Do lado petista, em 2024, destaque para a reeleição em primeiro turno das prefeitas Marília Campos, de Contagem, e Margarida Salomão, de Juiz de Fora. As duas maiores cidades que seguirão sob gestão do PT de Minas nos próximos quatro anos.
Portanto, é preciso entender que, nos municípios onde o PT era oposição, as candidaturas se empenharam o máximo em dialogar com o povo sobre a realidade local e apresentar propostas de renovação. Fizeram o que foi possível e isso não foi suficiente em um cenário totalmente favorável à reeleição dos atuais governantes.
O resultado positivo do PT em Minas, passando de 27 para 35 prefeituras (aumento de 29,6%) foi o quarto maior do partido no país. Atrás apenas de Bahia, Ceará e Piauí, estados com governadores petistas.
Há quem esperasse um resultado melhor em Minas, considerando cidades em que o PT sempre venceu eleições presidenciais, seja com Lula, Dilma ou Haddad. Em vários desses municípios, as candidaturas do PT foram induzidas ao erro ao achar que o simples fato de serem do partido do presidente Lula garantiria a vitória. Entretanto, nos municípios menores, o eleitor vota na biografia das pessoas e não no partido. O cidadão pode ser eleitor de Lula e do PT no âmbito nacional, mas, no cenário local, vota na liderança que tem a capacidade de resolver os problemas do dia a dia.
Outro ponto que não pode ser desconsiderado é a orientação dada pelo Diretório Nacional para a construção das candidaturas. O PT deveria apresentar o maior número possível de candidatos e candidatas nos municípios onde o partido tivesse competitividade, chances reais de vencer. Onde o cenário não fosse favorável, deveríamos fazer alianças com os partidos da base do governo Lula, do campo progressista.
A orientação do Diretório Nacional foi seguida em Minas e o resultado é que o partido passou de 35 vices em 2020 para 41 em 2024.
Para além dos números, é preciso destacar que onde o PT não venceu não quer dizer que a extrema-direita tenha saído vitoriosa. Em vários municípios, foram eleitos prefeitos e prefeitas que, embora esteja em partidos considerados de direita, são lideranças que sempre apoiaram o presidente Lula nas eleições nacionais.
São prefeitos e prefeitas democratas do campo popular progressista que, inclusive, apoiam deputados estaduais e federais do PT, dando a esses votações majoritárias nos municípios.
Também não podemos deixar de falar sobre Belo Horizonte. No segundo turno, o PT integrou a frente ampla democrática em apoio à reeleição de Fuad Noman à prefeitura. O apoio do nosso partido foi fundamental para a vitória de Fuad diante do candidato da extrema-direita.
Vale lembrar que Fuad apoiou a candidatura de Lula à presidência em 2022.
Outro ponto sobre a capital mineira é que dobramos o número de vereadores, passando de dois para quatro parlamentares, apesar da baixa votação do nosso candidato majoritário.
Em poucas palavras, em BH, barramos o avanço da extrema-direita, ajudamos a eleger um prefeito democrata e teremos maior presença na câmara. O saldo é positivo.
Saímos de um golpe contra Dilma em 2016, fomos derrotados em 2018 com Lula preso injustamente. Enfrentamos a fraude da Lava Jato e os retrocessos dos governos Temer e Bolsonaro. E quando muitos achavam que o PT ia acabar, reelegemos Lula, ampliamos nossas bancadas parlamentares e agora saímos vitoriosos mais uma vez nas eleições de 2024.
Por tudo isso, acredito que chegaremos fortalecidos em 2026. Nosso propósito é fazer do Brasil um país melhor para todos. O PT de Minas segue firme nesse luta!
*Cristiano Silveira é deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-MG).
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Este é um artigo de opinião. O posicionamento do autor não representa necessariamente as ideias do PT-MG.