Por Wallison Brandão*
Há 42 anos, num dia 10 de fevereiro como hoje, nascia o Partido dos Trabalhadores, partido com trajetória única e diferente na história política brasileira. Afirmo que nossa trajetória é única porque fomos criados de baixo pra cima, por trabalhadores, estudantes, intelectuais, militantes de pastorais, da luta contra as opressões de classe, gênero, raça, orientação sexual. O que uniu e continua unindo grupos e setores tão diversos é o compromisso com a democracia, a superação da pobreza e a construção de um país justo, fraterno e soberano para todos e todas.
Ao longo de nossa história, o PT deu contribuições valorosas para o povo brasileiro: a experiência das gestões e do orçamento participativo em nível local, a urbanização de vilas e favelas e a construção de restaurantes populares.
Com os Governos Lula e Dilma, promovemos políticas econômicas e sociais exitosas que retiraram o Brasil do mapa da fome, com o programa Bolsa família, o Benefício de Prestação Continuada, o Plano Safra, o Programa de Aquisição de Alimentos – a expansão sempre acima da inflação oficial do salário mínimo. Com o Prouni e a expansão das instituições públicas, colocamos milhões de jovens no ensino superior. Nossa economia tornou-se uma das maiores e mais pujantes do mundo.
Na última década, vários países da América Latina foram palcos de retrocessos políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, e até nos direitos humanos. Promovidos por forças golpistas e conservadoras, com apoios internos e externos, os governos de Temer e de Bolsonaro destruíram históricas conquistas econômicas e sociais. Rebaixaram o Brasil à pária no cenário internacional, promoveram políticas que exterminaram empregos, renda e oportunidades, deixaram como legado a fome (segundo pesquisa OXFAM 2021, mais de 119 milhões de pessoas convivem com algum nível de insegurança alimentar) e a morte de milhares (mais de 630 mil pessoas) por negligência, negacionismo e perversidade diante da pandemia da Covid-19.
Entretanto, o ano de 2022 pode representar para o Brasil o reencontro consigo, com a esperança, com a soberania e o resgaste do bem-estar em nosso país. Por isso, dos muitos desafios que temos para superar a era da catástrofe de Temer e Bolsonaro, três nos parecem centrais para o Partido dos Trabalhadores:
- Construir uma maioria política envolvendo partidos e lideranças institucionais por um lado e, por outro, uma ampla base de apoio social, como movimentos sociais e organizações da sociedade civil organizada para garantir a vitória eleitoral do presidente Lula e de aliados nos estados e no Congresso Nacional.
- Apresentar um projeto de país que tenha como premissa a reconstrução e o fortalecimento das instituições democráticas para retomar o crescimento e desenvolvimento econômico, a geração de emprego, a recuperação da renda salarial, a revogação de parte do ordenamento jurídico que impôs arrocho para promoção de políticas públicas, como a Emenda Constitucional 95 e a Reforma Trabalhista, a promoção de políticas para a valorização da educação e da ciência, bem como da saúde.
- Enfrentar e derrotar o bolsonarismo, expressão maior do fascismo na América Latina, nas ruas e nas urnas, para que a partir do dia 1 de janeiro de 2023 os diversos crimes cometidos contra as instituições democráticas, a saúde e a vida de milhares de brasileiros, sejam devidamente punidos segundo nosso ordenamento jurídico.
Nos últimos seis anos, o verbo que mais utilizamos foi resistir: à violência em suas múltiplas formas, aos retrocessos, aos desmandos e ao autoritarismo. Mas, felizmente, chegou o momento de ocupar as ruas e as redes para pôr fim à era da catástrofe. Chegou a hora de cumprir outra vez a “profecia de Chico Buarque”, vamos “passar nessa avenida um samba popular, cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar. Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais, que aqui sangraram pelos nossos pés, que aqui sambaram nossos ancestrais”.
*Wallison Brandão – Coordenador Setorial de Educação, professor de Filosofia, e assessor do Mandato do Vereador Pedro Patrus – BH
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Este é um artigo de opinião. O posicionamento do autor não representa necessariamente as ideias do PT-MG